Após carnaval, gripetonita afeta turistas e moradores de Salvador


Banda LevaNoiz canta o hit "Liga da Justiça" e inspirou o apelido da virose "gripetonita" (Foto: Edgar de Souza/G1)

Os turistas, moradores e foliões que curtiram o carnaval de Salvador foram acometidos por virose apelidada nos corredores dos hospitais públicos e particulares de vírus "Gripetonita", em referência à música "Liga da Justiça", composta por Márcio Victor e que ficou famosa com o grupo "LevaNoiz", que canta com integrantes vestidos de Super-Homem, Mulher-Maravilha e Robin.

Um trecho da letra da música fala "Super-Man ficou fraco, o Pinguim jogou criptonita", o que provocou o apelido da virose, que começou a surgir durante a folia e seguiu até a Quarta-Feira de Cinzas, quando foi realizado o arrastão dos trios. Neste período, foram registrados 500 atendimentos diários semelhantes. Após a data, o número de atendimentos diários na rede municipal de saúde passou dos 620.

"Em todos os anos, no período pós-carnaval, temos um aumento de até 25% dos casos de viroses provocadas em decorrência da folia. Cerca de 1/4 do nosso trabalho é direcionado a pacientes que foram contagiados por conjuntivite, dores gastrointestinais, problemas na pele e nas vias aéreas, como ouvido, nariz e garganta", disse o médico infectologista Augusto Aníbal, do Hospital Estadual Couto Maia, e consultor da área de saúde para a Prefeitura Municipal de Salvador.

Ele disse a pequena distância entre um ser humano e outro durante a folia, seja em local aberto ou fechado, é suficiente para aumentar a disseminação de doenças. "Os fungos, protozoários, bactérias, vírus se espalham muito rapidamente nesses ambientes. Isso fica evidente quando o indivíduo tenta retomar as atividades do cotidiano, mas com o organismo debilitado", afirmou Aníbal.


Aglomeração de pessoas facilita disseminação de vírus, fungos e bactérias (Foto: Eduardo Freire/G1)Virose musical
No ano passado, o problema de saúde ficou por conta do "Espirration", em referência ao hit daquele carnaval, o "Rebolation", que ficou famoso na voz de Léo Santana, do grupo Parangolé.

Em 2009, uma virose também acometeu quem passou pela folia baiana. Em referência à música "Cadê Dalila?", cantada por Ivete Sangalo, o problema se transformou em "Vírus Dalila". Naquele ano, os principais sintomas foram febre, diarréia, náuseas, tontura e fraqueza.

Em Salvador, mesmo com muita gente acometida pela virose, a piada sobre o assunto é comum em rodas de conversa. Algumas pessoas falaram que pegaram a virose quando foram buscar Dalila". Em outros casos, as pessoas falam que tiveram de rebolar para se curar do "Espirration", citando a coreografia sensual da música "Rebolation".

Aníbal aproveitou a criatividade dos foliões na Bahia, que dão apelidos para as viroses, para evidenciar a necessidade de uma melhor conscientização das pessoas pelo cuidado com a saúde durante o carnaval. Segundo parte, a maior parte das viroses são possíveis de ser prevenidas.

"Nesta época é muito comum o consumo excessivo de álcool, associado a poucas horas de sono e de descanso. Isso tem um impacto, tanto no ponto de vista imunológico e orgânico. Se alguém tiver com algum vírus incubado, o período dessa incubação é de sete dias, o faz os sintomas aparecerem após a folia", afirmou Aníbal.

"Todo ano se enfatiza esse mesmo quadro infeccioso, viral agudo e febril com essas denominações são folclóricas e culturais. A grande maioria das vezes, essa situação se repete ano a ano. Como não são agravos que provoquem morte, não precisam de notificação compulsória", disse o médico infectologista. "Fica um alerta para que as pessoas que não foram para a folia se cuidarem também, pois só o contato próximo com pessoas acometidas já pode criar um canal de transmissão", concluiu Aníbal.

FONTE G1
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